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Igreja Matriz Resende

A história da nossa Matriz tem início com a chegada da imagem de Nossa Senhora da Conceição. Estamos no século das “bandeiras e bandeirantes”: conquista de terras, procura de ouro e pedras preciosas, aprisionamento de índios…

Nesse contexto, mais precisamente pelo ano de 1744, um bandeirante paulista, Cel. Simão da Cunha Gago, tendo necessidade de mudar de domicílio, veio estabelecer-se no sítio Lagoa da Aiuruoca, que pertencia à Capela de Nossa Senhora do Rosário. Seguindo seus objetivos, ao lado de outros companheiros, pôs-se a caminho, rompendo matas, atravessando rios e chegando, após transpor a Serra da Mantiqueira, à margem esquerda da Paraíba Nova. Com eles veio o Padre Felipe Teixeira Pinto, que fora capelão da Capela de Nossa Senhora do Rosário da Aiuruoca, trazendo consigo uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição, de origem portuguesa, feita em madeira de lei, com 65 cm de altura.

O local da chegada era uma extensa e aprazível campina que atraiu a atenção dos viajantes e o desejo de ali se estabelecerem, construindo suas primitivas cabanas e cultivando a terra para o próprio sustento. O local recebeu o nome de “Campo Alegre da Paraíba Nova”.

Decidiu-se erguer uma choupana, onde havia um altar portátil, para que o sacerdote administrasse os sacramentos. Tudo foi feito com o consentimento do Vigário Geral do Rio de Janeiro, em Provisão datada de 12 de maio de 1747, com registro a fls. 24 do livro existente no cartório eclesiástico de Resende. Esse oratório localizava-se na margem esquerda do rio Paraíba do Sul, defronte à atual Rua Padre Manuel dos Anjos.

Era Bispo D. Frei Antônio do Desterro quando a primeira capela foi erguida, por circunstâncias forçadas pelos nativos, no tereno que fica hoje entre a Matriz de Resende e o prédio da esquina do Ouvidor (hoje Dr. João Maia). Construída em pedra e barro, tinha seis metros e dezesseis centímetros de fundo e quatro metros e quarenta centímetros de largura, tamanho que foi aumentado para mais cinco metros e meio de comprimento, com paredes de pau-a-pique, em 1795 ou 1796, por influência do Vigário Antônio de Mattos Nóbrega de Andrade e com a ajuda dos fregueses (moradores da freguesia). A capela possuía a prerrogativa de “capela curada”, por ser administrada por um cura, isto é, “cura” era como se chamava o pároco de uma povoação. O primeiro cura foi o mesmo Padre Felipe. Presume-se que a Comarca Eclesiástica tenha sido criada em 1748. Nesse mesmo ano, um incêndio atingiu os arquivos dos assentos de casamento.

Os sinos, colocados sobre grossos esteios de braúna, chamavam o povo para os ofícios litúrgicos na pequena capela, que possuía apenas dois altares laterais, São Sebastião e Nossa Senhora das Dores, uma pia batismal e um guarda-alfaias, além do altar-mor onde se conservou o Santíssimo Sacramento. A primeira Missa foi celebrada no dia 25 de maio de 1947.

Estando muito claro e evidente o crescimento da população, em 02 de janeiro de 1756, a capela foi elevada à condição de Matriz permanente, com párocos próprios. O Padre Felipe foi o primeiro pároco, por carta de 13 de dezembro de 1759.

Passados 65 anos da criação da Capela Curada, o povoado de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova já ostentava a condição e o nome de Vila de Resende. Assim, necessária se fazia a construção de um novo templo.

Em 1812, foram lançados os primeiros alicerces da Igreja Matriz, “um templo não somente para o povo de então, como para as gerações futuras”, como diziam à época. A comissão administrativa era formada pelo Vigário José Antônio Martins de Sá, Manuel Antônio da Silva Guimarães e do Comendador Bento de Azevedo Maia. A direção geral da obra ficou a cargo do Capitão Ignácio de Seixas Ribeiro. Houve divergência sobre o local da construção: uns desejavam o Campo do Manejo, outros o Morro dos Passos. Por fim, estabeleceu-se que seria construída nas terras por doação de Antônio Corrêa da Fonseca, doação esta feita em 27 de outubro de 1749.

Como não houve ajuda oficial (o que causou a lenta construção), a obra foi realizada por meio de uma subscrição: uns doavam serviços, outros, dinheiro e alguns proprietários, um certo número de escravos para os trabalhos pesados. O Capitão Ignácio de Seixas Ribeiro, para melhor administrar a obra, mudou sua residência para a vila, sofrendo prejuízo em seus interesses pessoais.

O risco da obra foi dado pelo arquiteto carioca Inácio Ferreira Pinto, que conduziu todo o trabalho até a sua conclusão. A obra de talha é do fluminense Gregório Rodrigues de Siqueira. Assim, em 16 de outubro de 1931, teve lugar a trasladação do Santíssimo Sacramento e das imagens da antiga capela para a nova Matriz. A imagem da Padroeira foi colocada no nicho.

A igreja tinha 50,70m de comprimento sobre a largura exterior de 21,52m. Suas paredes eram de taipa. Possuía seis altares laterais: N. Sra. das Dores, doada por D. Francisca Pereira da Conceição; N. Sra. da Glória, doada por D. Maria Soares Lousada; São José com o respectivo altar, doados por Inácio Ferreira Pinto; Santo Antônio, doado pelo Comendador Joaquim José Martins; São Miguel, doado por Manuel Gomes de Carvalho, depois Barão do Amparo; e a imagem de São Sebastião, oriunda da antiga capela. As doações de vários devotos contribuíram para o douramentos dos altares. Na sacristia, ficavam, por falta de espaço, três grandes imagens que representavam a Sagrada Família.

Em 1874, ocorreu outro incêndio: uma faísca elétrica atingiu a torre da ala direita. A centelha ziguezagueou pelo templo, chegou ao altar-mor, onde estava o andor de Nossa Senhora ornamentado com flores de papel, mas contornou-o sem danificar a ornamentação.

Dessa época em diante, a província se encarregou dos reparos do templo. O mais importante foi a reconstrução em pedra de todo o frontispício, em substituição à fachada antiga de taipa. Essa obra deve-se à passagem da Princesa Imperial pela cidade, em 1868, que se interessou pela sorte do templo.

Somente em 1874, ficou pronto todo o frontispício de pedra, sendo mestre de toda a obra o português José Domingues.

Os anos se passaram e, a 22 de agosto de 1945 sofreu a Matriz um terrível incêndio. De toda a cidade, avistava-se o trágico acontecimento. Os resendenses acorrem desesperados à praça da Matriz. Os homens adentram pelo templo, buscando salvar as imagens, que foram colocadas juntamente com os bancos, na praça. Os bombeiros, vindos de Barra Mansa, só puderam salvar a parte fronteira da igreja.